“Alegrando-se todos no Senhor nesta solenidade...”: assim reza a antífona de entrada. É a Igreja militante que honra a Igreja triunfante e presta à incomensurável multidão de santos que povoam o Reino dos Céus a homenagem que ela não pode prestar individualmente a cada um deles — como sucede no calendário cristão.
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o
Reino dos Céus”, promete Jesus no sermão da montanha. Quem são os pobres,
segundo Jesus? São as “testemunhas de Deus”, para usar uma expressão de Isaías.
Com os pobres, apoderaram-se do Reino dos Céus os mansos, os puros de coração,
os misericordiosos, os pacíficos, aqueles que sofrem e que têm fome e sede de
justiça, em um mundo no qual vige sempre a lei do mais forte, os perseguidos
por causa da justiça e todos quantos são vítimas inocentes da calúnia, da
maledicência, da pública ofensa ou do vilipêndio dos manipuladores da opinião
pública.
Folheando as páginas deste livro, o leitor pôde encontrar
esses sinais em todos os santos que tiveram fé na promessa do Reino dos Céus: a
vergonha das violências, dos ultrajes, das torturas e humilhações de que foram
alvo, e sobretudo da prova extrema do martírio, da dor física e moral, da
aparente derrota do bem e do triunfo dos maus. Os fiéis são convidados a
alegrar-se e a exultar com todos esses santos que “passaram à melhor vida”.
A fé nos assegura, diz são Paulo, que somos realmente filhos
de Deus e herdeiros do reino, mas esta realidade não é plenamente completa em
nosso corpo de carne. Vivemos na esperança, e esta se torna certeza em razão do
que cremos.
A origem dessa festa remonta ao século IV. Em Antioquia,
celebrava-se no primeiro domingo depois de Pentecostes. No século VII, a data
foi fixada em 13 de maio, Dia da Consagração do Panteão a santa Maria dos
Mártires. Naquele dia, fazia-se descer da clarabóia da grande cúpula uma chuva
de rosas vermelhas. Gregório IV removeu a celebração para o dia 1º de novembro,
depois da colheita de outono, quando era mais fácil encontrar alimento para os
numerosos peregrinos que, depois dos trabalhos do verão, dirigiam-se em
peregrinação à Cidade dos Mártires.
Fonte: Paulinas