Aurélia nasceu na Ásia Menor, no Oriente e era muito unida à
sua irmã Neomisia. Elas costumavam procurar pobres e doentes pelas ruas para
fazer-lhes caridade. E assim fizeram durante toda a adolescência, mantendo-se
muito piedosas e fervorosas cristãs. Aurélia sempre dizia à irmã que, ao
atingirem a idade suficiente, iriam visitar todos os lugares sagrados da
Palestina, em uma longa peregrinação.
De fato, Aurélia e Neomísia foram para a Terra Santa e viram
onde Jesus nasceu e viveu. Depois, fizeram todo o trajeto percorrido por ele
até o monte Calvário, onde foi crucificado e morreu para salvar-nos. Aurélia,
envolvida pela religiosidade da região e com o sentimento da fé reforçado,
decidiu continuar a peregrinação até Roma. Assim, visitaria o célebre santuário
da cristandade do Ocidente, sempre acompanhada pela irmã.
Elas não sabiam que os sarracenos muçulmanos estavam
invadindo várias regiões italianas e que, avançando, já tinham atacado e
devastado a Calábria e a Lucânia. Quando chegaram a Roma, as duas foram
surpreendidas, na via Latina, por um grupo de invasores, que as identificaram
como cristãs. Ambas foram agredidas e chicoteadas até quase à morte. Mas um
fortíssimo temporal dispersou os perseguidores, que abandonaram o local. Por
isso as duas foram libertadas e puderam seguir com sua viagem.
Mas, estando muito feridas, resolveram estabelecer-se na
pequena Macerata, situada aos pés de uma colina muito perto da cidade de
Anagni. Lá, elas retomaram a vida de caridade, oração e penitência, sempre
auxiliando e socorrendo os pobres, velhos e doentes. Aurélia também tinha os
dons da cura e da profecia. Assim, a fama de santidade das duas irmãs cristãs
difundiu-se entre a população. Diz a tradição que Aurélia salvou os fiéis da
paróquia daquela diocese. Foi num domingo de chuva, ela correu para avisar o
padre que parasse a missa, pois iria cair um raio sobre a igreja. O padre,
inspirado pelo Espírito Santo, ouviu seu conselho e os fiéis já estavam a salvo
quando o incidente aconteceu.
Aurélia e a irmã adoeceram e morreram no mesmo dia, 25 de
setembro, de um ano não registrado. Os seus corpos foram sepultados na igreja
de Macerata. Mais tarde, o bispo daquela diocese, aproveitando a visita do papa
Leão IX à cidade, preparou uma cerimônia solene para trasladar as relíquias das
duas irmãs para a catedral de Anagni. Outra festa foi preparada quando a
reconstrução da catedral terminou. Então, as relíquias de Aurélia e Neomísia foram
colocadas na cripta de são Magno, logo abaixo do altar dedicado a ele.
O culto a santa Aurélia é um dos mais propagados e antigos
da tradição romana. Ao longo dos séculos, Aurélia deu nome a gerações inteiras
de cristãs, que passaram a festejar a santa de seu onomástico como protetora
pessoal. De modo que a festa de santa Aurélia, no dia 25 de setembro, foi
introduzida no calendário litúrgico da Igreja pela própria diocese de Anagni. O
único texto que registrou esta tradição faz parte do Cod. Chigiano C.VIII. 235,
escrito no início do século XIV. Somente em 1903 o culto obteve a confirmação
canônica. Assim, as urnas contendo as relíquias das irmãs são expostas aos
devotos e peregrinos durante a celebração litúrgica. Contudo há um fato curioso
que ocorre nesta tradição desde o seu início. É que a maioria dos devotos só
lembra que é o dia da festa de santa Aurélia, e apenas a ela agradecem pela
intercessão nas graças alcançadas.
Fonte: Paulinas
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