As notícias sobre a vida deste santo, popularíssimo na
Europa centro-setentrional, chegaram até nós por meio de uma biografia escrita
cinco séculos depois de sua morte, com os inevitáveis embelezamentos
legendários.
Leonardo, de nobre estirpe franca, teve o rei Clóvis como
padrinho. Com tal apoio teria facilitada qualquer carreira, mas Leonardo
preferiu militar sob o estandarte do santo bispo Remígio.
Valeu-se de qualquer modo da amizade do rei para ter um
privilégio, do qual fez amplo uso porque inspirado na caridade — qual seja, o
de poder conceder a liberdade a todos os prisioneiros que encontrasse pelo
caminho. É lastimável que Leonardo tenha escolhido viver como eremita no meio
de um denso bosque, no qual poucos prisioneiros teriam transitado...
Mas a santidade tem muitos outros recursos. Assim, espalhado
o rumor sobre este santo eremita e sobre suas capacidades taumatúrgicas,
bastava aos prisioneiros invocar seu nome para que as correntes caíssem de seus
pulsos e tornozelos.
Bem no meio da floresta de Pavum, perto de Limoges, onde o
eremita havia fixado a sua morada, passou, em vez dos prisioneiros, o casal
real com todo o seu séquito de cortesãos para uma partida de caça. Inútil
perguntar o que foi fazer aí a rainha no último mês de gravidez. Para lá foi
ela, narra o autor da Vita sancti Leonardi, por um desígnio providencial. Com
efeito, a nobre soberana, colhida pelas dores do parto, teve a assistência do
santo e, graças sobretudo as suas orações, o evento foi verdadeiramente alegre.
O rei mostrou-se reconhecido e prometeu doar-lhe o terreno
para que construísse um mosteiro. Que área? Toda aquela que ele conseguisse
delimitar percorrendo-a no dorso de um asno, em um só dia, obviamente.
Leonardo, já rodeado de muito discípulos, alguns dos quais tinham sido
libertados das cadeias por sua intercessão, construiu um primeiro oratório e aí
escavou um poço; depois os devotos estabeleceram-se ao lado do mosteiro com
suas famílias, dando origem à aldeia que leva seu nome:
Saint-Leonard-de-Noblac. E o santuário continua ainda hoje a ser lugar de
peregrinações.
O santo é invocado como padroeiro dos prisioneiros, mas
também dos fabricantes de cadeias, de cepos, de fechos e afins. É invocado
contra os bandidos, os quais, por sua vez, postos sob cadeias, poderiam
recorrer a seu generoso patrocínio. Mas o invocam sobretudo as parturientes
para ter um parto indolor.
Fonte: Paulinas
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