As informações sobre a vida de Bento nos foram transmitidas pelo seu biógrafo e contemporâneo, papa são Gregório Magno. No livro que enaltece o seu exemplo de santidade de vida, ele não registrou as datas de nascimento e morte. Assim, apenas recebemos da tradição cristã o relato de que Bento viveu entre os anos de 480 e 547.
Bento nasceu na cidade de Nórcia, província de Perugia, na
Itália. Pertencia à influente e nobre família Anícia e tinha uma irmã gêmea
chamada Escolástica, também fundadora e santa da Igreja. Era ainda muito jovem
quando foi enviado a Roma para aprender retórica e filosofia. No entanto,
decepcionado com a vida mundana e superficial da cidade eterna, retirou-se para
Enfide, hoje chamada de Affile. Levando uma vida ascética e reclusa, passou a
se dedicar ao estudo da Bíblia e do cristianismo.
Ainda não satisfeito, aos vinte anos isolou-se numa gruta do
monte Subiaco, sob orientação espiritual de um velho monge da região chamado
Romano. Assim viveu por três anos, na oração e na penitência, estudando muito.
Depois, agregou-se aos monges de Vicovaro, que logo o elegeram seu prior. Mas a
disciplina exigida por Bento era tão rígida, que esses monges indolentes
tentaram envenená-lo. Segundo seu biógrafo, ele teria escapado porque, ao
benzer o cálice que lhe fora oferecido, o mesmo se partiu em pedaços.
Bento abandonou, então, o convento e, na companhia de mais
alguns jovens, entre eles Plácido e Mauro, emigrou para Nápoles. Lá, no sopé do
monte Cassino, onde antes fora um templo pagão, construiu o seu primeiro
mosteiro.
Era fechado dos quatro lados como uma fortaleza e aberto no
alto como uma grande vasilha que recebia a luz do céu. O símbolo e emblema que
escolheu foram a cruz e o arado, que passaram a ser o exemplo da vida católica
dali em diante.
As regras rígidas não poderiam ser mais simples: "Ora e
trabalha". Acrescentando-se a esse lema "leia", pois, para
Bento, a leitura devia ter um espaço especial na vida do monge, principalmente
a das Sagradas Escrituras. Desse modo, estabelecia-se o ritmo da vida
monástica: o justo equilíbrio, do corpo, da alma e do espírito, para manter o
ser humano em comunhão com Deus. Ainda, registrou que o monge deve ser
"não soberbo, não violento, não comilão, não dorminhoco, não preguiçoso,
não detrator, não murmurador".
A oração e o trabalho seriam o caminho para edificar
espiritual e materialmente a nova sociedade sobre as ruínas do Império Romano
que acabara definitivamente. Nesse período, tão crítico para o continente
europeu, este monge tão simples, e por isto tão inspirado, propôs um novo
modelo de homem: aquele que vive em completa união com Deus, através do seu
próprio trabalho, fabricando os próprios instrumentos para lavrar a terra. A
partir de Bento, criou-se uma rede monástica, que possibilitou o renascimento
da Europa.
Celebrado pela Igreja no dia 11 de julho, ele teria
profetizado a morte de sua irmã e a própria. São Bento não foi o fundador do
monaquismo cristão, que já existia havia três séculos no Oriente. Mas merece o
título de "Pai do Monaquismo Ocidental", que ali só se estabeleceu
graças às regras que ele elaborou para os seus monges, hoje chamados
"beneditinos". Além disto, são Bento foi declarado patrono principal
de toda a Europa pelo papa Paulo VI, em 1964, também com justa razão.
Fonte: Paulinas
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