Um santo, muito popular na França, nasceu na região de
Saint-Quentin, de uma nobre família; o pai era de estirpe franca e a mãe,
descendente dos colonizadores romanos.
A vida de são Medardo, antes e depois da ordenação
episcopal, é rica de saborosas anedotas que, depuradas da lenda, oferecem-nos
um homem tolerante para com as fraquezas humanas, generoso no dar e arguto nas
respostas. De seu desapego dos bens materiais fazem fé alguns episódios que
ainda hoje se contam para suprir o vazio de notí-
cias históricas.
Um ladrão, ao entrar em sua vinha, encheu o cesto de uvas,
mas não conseguiu encontrar o caminho de saída. O santo a indicou, enchendo o
cesto com outra fruta. Um ladrão mais audaz roubou-lhe um dia a vaca, mas o
chocalho, apesar de envolvido em trapos, se pôs a tocar. Medardo, acorrendo,
fez silenciar o toque e deixou ir embora o ladrão com o produto do roubo. As
abelhas, vendo-se despojadas de seu mel, revoltaram-se e o atacaram. Medardo
ordenou-lhes que voltassem quietas à colméia.
O santo era discípulo do grande bispo Remígio, que o ordenou
bispo de Vermand, nos arredores de Saint-Quentin. Quando a sede episcopal foi
destruída, na passagem dos bárbaros em direção à Espanha, Medardo transferiu-se
para Noyon. De seu episcopado conhecemos bem pouco, e esse pouco é extraído da
vida de santa Radegunda.
A rainha havia fugido de casa, abandonando o marido, o rei
Clotário, culpado de ter assassinado o próprio irmão. A santa pediu para ser
acolhida num mosteiro, para consagrar-se a Deus. Medardo deu-lhe hospitalidade
e, depois de haver refletido muito sobre o difícil problema canônico, impôs-lhe
o véu, conferindo-lhe a ordenação diaconal. À morte do santo bispo, o rei Clotário,
reconhecido, mandou sepultá-lo em Soissons, capital do próprio reino, num rico
túmulo. Sobre este, o sucessor de Clotário, pouco depois, edificou a célebre
basílica e o mosteiro que levam o nome do santo bispo.
Fonte Paulinas