Seu martírio, diz o poeta Prudêncio, assinalou o declínio
dos deuses de Roma. Sinal, portanto, de que a morte do jovem diácono Lourenço
provocara na cidade uma grande impressão, a ponto dos pagãos - vendo tão serena
coragem diante da tortura - começaram a se interrogar sobre a religião
professada pelo heróico mártir.
Sua imagem, cingida de lenda(a paixão de São Lourenço, de um
século posterior à sua morte, é pouco confiável) já nos escritores próximos de
sua época, como Prudêncio, Dâmaso e Ambrósio, está ligada a sua tortura.O
mártir, posto em uma grelha colocada sobre carvões ardentes, encontra um modo
de gracejar:"Vede, deste lado já estou bem cozido; virai-me do
outro". Mas a maioria dos escritores modernos julga que Lourenço tenha
sido decapitado como o papa Sisto II - do qual era diácono e o havia precedido
por três dias no martírio.
O papa Dâmaso, por outro lado, parece convalidar a tradição
dos carvões ardentes e recorda o heróico testemunho de fé com eficaz síntese:
"Verbera, carnífices, flammas, tormenta, catenas..."-
açoites,carrascos,chamas,tormentos,cadeias,nada prevaleceu contra sua
fidelidade a Cristo.
Mas ao lado dessa imagem de sofrimento aceito, há outra, de
modo algum lendária, referente ao diácono encarregado de distribuir aos pobres
a coleta dos cristãos de Roma. Ele fora, de fato, encarregado de dirigir outros
diáconos de Roma. Pode-se, pois, julgar que, na iminência da prisão, o papa o
tenha encarregado de distribuir aos pobres o pouco que a Igreja possuía.
Quando o imperador Valeriano - lê-se na Paixão - impôs-lhe a
entrega do tesouro do qual ouvira falar, Lourenço teria reunido diante dele um
grupo de mendigos: "Eis o nosso tesouro", disse-lhe, "podeis
encontrá-lo por toda a parte". Foi sepultado na via Tiburtina, no Campus
Veranus -Verano -,e sobre seu sepulcro foi erigida a basílica que leva seu nome,
a primeira das igrejas que Roma dedicou ao seu popular mártir.
Edith Stein nasceu na cidade de Breslau, Alemanha, no dia 12
de outubro de 1891, em uma próspera família de judeus. Aos dois anos, ficou
órfã do pai. A mãe e os irmãos mantiveram a situação financeira estável e a
educaram dentro da religião judaica.
Desde menina, Edith era brilhante nos estudos e mostrou
forte determinação, caráter inabalável e muita obstinação. Na adolescência,
viveu uma crise: abandonou a escola, as práticas religiosas e a crença
consciente em Deus. Depois, terminou os estudos com graduação máxima, recebendo
o título de doutora em fenomenologia, em 1916. A Alemanha só concedeu esse
título a doze mulheres na última metade do século XX.
Em 1921, ela leu a autobiografia de santa Teresa d'Ávila.
Tocada pela luz da fé, converteu-se e foi batizada em 1922. Mas a mãe e os
irmãos nunca compreenderam ou aceitaram sua adesão ao catolicismo. A exceção
foi sua irmã Rosa, que se converteu e foi batizada no seio da Igreja, após a
morte da mãe, em 1936.
Edith Stein começou a servir a Deus com seus talentos
acadêmicos. Lecionou numa escola dominicana, foi conferencista em instituições
católicas e finalizou como catedrática numa universidade alemã. Em 1933,
chegavam ao poder: Hitler e o partido nazista. Todos os professores não-arianos
foram demitidos. Por recusar-se a sair do país, os superiores da Ordem do
Carmelo a aceitaram como noviça. Em 1934, tomou o hábito das carmelitas e o
nome religioso de Teresa Benedita da Cruz. A sua família não compareceu à
cerimônia.
Quatro anos depois, realizou sua profissão solene e
perpétua, recebendo o definitivo hábito marrom das carmelitas. A perseguição
nazista aos judeus alemães intensificou-se e Edith foi transferida para o
Carmelo de Echt, na Holanda. Um ano depois, sua irmã Rosa foi juntar-se a ela
nesse Carmelo holandês, pois desejava seguir a vida religiosa. Foi aceita no
convento, mas permaneceu como irmã leiga carmelita, não podendo professar os
votos religiosos. O momento era desfavorável aos judeus, mesmo para os
convertidos cristãos.
A Segunda Guerra Mundial começou e a expansão nazista
alastrou-se pela Europa e pelo mundo. A Holanda foi invadida e anexada ao Reich
Alemão em 1941. A família de Edith Stein dispersou-se, alguns emigraram e
outros desapareceram nos campos de concentração. Os superiores do Carmelo de
Echt tentaram transferir Edith e Rosa para um outro, na Suíça, mas as
autoridades civis de lá não facilitaram e a burocracia arrastou-se indefinidamente.
Em julho de 1942, publicamente, os bispos holandeses
emitiram sua posição formal contra os nazistas e em favor dos judeus. Hitler
considerou uma agressão da Igreja Católica local e revidou. Em agosto, dois
oficiais nazistas levaram Edith e sua irmã do Carmelo de Echt. No mesmo dia,
outros duzentos e quarenta e dois judeus católicos foram deportados para os
campos de concentração, como represália do regime nazista à mensagem dos bispos
holandeses. As duas irmãs foram levadas em um comboio de carga, junto com
outras centenas de judeus e dezenas de convertidos, ao norte da Holanda, para o
campo de Westerbork. Lá, Edith Stein, ou a "freira alemã", como a
identificaram os sobreviventes, diferenciou-se muito dos outros prisioneiros
que se entregaram ao desespero, lamentações ou prostração total. Ela procurava
consolar os mais aflitos, levantar o ânimo dos abatidos e cuidar, do melhor
modo possível, das crianças. Assim ela viveu alguns dias, suportando com
doçura, paciência e conformidade a vontade de Deus, seu intenso sofrimento, e
dos demais.
No dia 7 de agosto de 1942, Edith Stein, Rosa e centenas de
homens, mulheres e crianças foram de trem para o campo de extermínio de
Auschwitz-Birkenau. Dois dias depois, em 9 de agosto, foram mortas na câmara de
gás e tiveram seus corpos queimados.
A irmã carmelita Teresa Benedita da Cruz foi canonizada em
Roma, em 1998, pelo papa João Paulo II, que indicou sua festa para o dia de sua
morte. A solenidade contou com a presença de personalidades ilustres, civis e
religiosas, da Alemanha e da Holanda, além de alguns sobreviventes dos campos
de concentração que a conheceram e de vários membros da família Stein. No ano
seguinte, o mesmo sumo pontífice declarou santa Edith Stein, "co-Padroeira
da Europa", junto com santa Brígida e santa Catarina de Sena.
Domingos nasceu em 24 de junho de 1170, na pequena vila de
Caleruega, na Velha Castela, atual Espanha. Pertencia a uma ilustre e nobre
família, muito católica e rica: seus pais eram Félix de Gusmão e Joana d'Aza e
seus irmãos, Antonio e Manes. O primeiro tornou-se sacerdote e morreu com odor
de santidade. O segundo, junto com a mãe, foi beatificado pela Igreja.
Nesse berço exemplar, o pequeno Domingos trilhou o mesmo
caminho de servir a Deus. Até mesmo o seu nome foi escolhido para homenagear
são Domingos de Silos, porque sua mãe, antes de Domingos nascer, fez uma novena
no santuário do santo abade. E, como conta a tradição, no sétimo dia ele lhe
teria aparecido para anunciar que seu futuro filho seria um santo para a Igreja
Católica.
Domingos dedicou-se aos estudos, tornando-se uma pessoa
muito culta. Mas nunca deixou a caridade de lado. Em Calência, cidade onde se
diplomou, surpreendeu a todos ao vender os objetos de seu quarto, inclusive os
pergaminhos caros usados nos estudos, para ter um pequeno "fundo" e
com ele alimentar os pobres e doentes.
Aos vinte e quatro anos, sentindo o chamado, recebeu a
ordenação sacerdotal. Foi enviado para a diocese de Osma, onde se distinguiu
pela competência e inteligência. Logo foi convidado para auxiliar o rei Afonso
VII nos trabalhos diplomáticos do seu governo e também para representar a Santa
Sé, em algumas de suas difíceis missões.
Durante a Idade Média, período em que viveu, havia a heresia
dos albigenses, ou cátaros, surgida no sul da França. O papa Inocêncio III
enviou-o para lá, junto com Diego de Aceber, seu companheiro, a fim de combater
os católicos reencarnacionistas. Mas, devido à morte repentina desse caro
amigo, Domingos teve de enfrentar a missão francesa sozinho. E o fez com muita
eficiência, usando apenas o seu exemplo de vida e a pregação da verdadeira
Palavra de Deus.
Em 1207, em Santa Maria de Prouille, Domingos fundou o
primeiro mosteiro da Ordem Segunda, das monjas, destinado às jovens que, devido
à carestia, estavam condenadas à vida do pecado. Os biógrafos narram que foi na
igreja desse convento que Nossa Senhora apareceu para Domingos e disse-lhe para
difundir a devoção do rosário, como princípio da conversão dos hereges e para a
salvação dos fiéis. Por isso os dominicanos são tidos como os guardiões do
rosário, cujo culto difundem no mundo cristão através dos tempos.
A santidade de Domingos ganhava cada vez mais fama, atraindo
as pessoas que desejavam seguir o seu modelo de apostolado. Foi assim que
surgiu o pequeno grupo chamado "Irmãos Pregadores", do qual fazia
parte o seu irmão de sangue, o bem-aventurado Manes.
Em 1215, a partir dessa irmandade, Domingos decidiu fundar
uma Ordem, oferecendo uma nova proposta de evangelização cristã e vida
apostólica. Ela foi apresentada ao papa Inocêncio III, que, no mesmo ano,
durante o IV Concílio de Latrão, concedeu a primeira aprovação. No ano
seguinte, seu sucessor, o papa Honório III, emitiu a aprovação definitiva,
dando-lhe o nome de Ordem dos Frades Predicadores, ou Dominicanos. Eles
passaram a ser conhecidos como homens sábios, pobres e austeros, tendo como
características essenciais a ciência, a piedade e a pregação.
Em 1217, para atrair a juventude acadêmica para dentro do
clero, o fundador determinou que as Casas da Ordem fossem criadas nas
principais cidades universitárias da Europa, que na época eram Bolonha e Paris.
Ele se fixou na de Bolonha, na Itália, onde se dedicou ao esplêndido
desenvolvimento da sua obra, presidindo, entre 1220 e 1221 os dois primeiros
capítulos gerais, destinados à redação final da "carta magna" da
Ordem.
No dia 8 de agosto de 1221, com apenas cinqüenta e um anos
de idade, ele morreu. Foi canonizado pelo papa Gregório IX, que lhe dedicava
especial estima e amizade, em 1234. São Domingos de Gusmão foi sepultado na
catedral de Bolonha e é venerado, no dia de sua morte, como Padroeiro Perpétuo
e Defensor dessa cidade.
Caetano nasceu em Vicência, na Itália, em outubro de 1480.
Filho do conde Gaspar de Thiene e de Maria do Porto, desde muito jovem mostrava
grande preocupação e zelo pelos pobres, abrindo asilos para os idosos e muitos
hospitais para os doentes, especialmente para os incuráveis.
Estudou em Pádua, onde se diplomou nas matérias jurídicas,
aos vinte e quatro anos de idade. Dedicava-se ao estado eclesiástico, mas sem
ordenar-se, por considerar-se indigno. Nesse meio tempo, fundou, na propriedade
da família, em Rampazzo, uma igreja dedicada a Santa Maria Madalena, que ainda
hoje é a paróquia desta localidade.
Em 1506, estava em Roma, exercendo a função de secretário
particular do papa Júlio II. Na qualidade de escritor das cartas apostólicas,
fez contato e conviveu com cardeais famosos, aprendendo muito com todos eles.
Mas a principal virtude que Caetano cultivava era a humildade para observar
muito bem antes de reprovar o mal alheio. Para melhor compreender, basta
lembrar que ele viveu no período do esplendor renascentista, no qual o próprio
Vaticano não primava pelo exemplo de moralidade e nem brilhava pela santidade
dos costumes.
Assim sendo, como homem inteligente e preparado, não se retirou
para um ermo; ao contrário, encorajou-se para uma ação reformadora, começando
por si mesmo. Costumava dizer que "Cristo espera e ninguém se mexe".
Participou do movimento laical Oratório do Divino Amor, que procurava estudar e
praticar as Sagradas Escrituras. Só então, depois de muita reflexão, decidiu-se
pela ordenação sacerdotal, em 1516.
Tinha trinta e seis anos de idade quando celebrou sua
primeira missa na basílica de Santa Maria Maior. Nesta ocasião, ele mesmo
relatou depois, Nossa Senhora apareceu-lhe e colocou-lhe nos braços o Menino
Jesus. Foi para Veneza em 1520, onde colaborou na fundação do hospital dos
incuráveis. Três anos depois, incansável, voltou para Roma, onde, na companhia
dos companheiros do Oratório - Bonifácio Colli, Paulo Consiglieri e João Pedro
Carafa, bispo de Chiete -, fundou a Ordem dos Teatinos Regulares, que tinha
como objetivo a renovação do clero.
Quando o papa Clemente VII aprovou a congregação, Caetano
renunciou a todos os seus bens para dedicar-se única e exclusivamente à vida
comum. O mesmo ocorreu com o bispo Carafa, que abdicou também da sua vida
episcopal. Anos mais tarde, ele veio a tornar-se o papa Paulo IV, um dos
grandes reformadores da Igreja.
A nova congregação começou somente com os quatro, depois
passaram para doze e esse número aumentou bastante em pouco tempo. São os
primeiros clérigos regulares. Não são monges, pois são de vida ativa, porém
vivendo em obediência: sob uma regra de vida comum, como religiosos, cujos
membros renunciam a todos os seus bens terrenos, devendo viver de seu trabalho
apostólico e de ofertas espontâneas dadas pelos fiéis, contando, apenas, com a
Providência divina. Carafa foi o primeiro superior geral, embora a idéia da
fundação fosse de Caetano de Thiene, que, na sua humildade, sempre se manteve
de lado.
Caetano morreu de fadiga, após uma vida de muito trabalho e
sofrimento, aos sessenta e seis anos de idade, em Nápoles, no dia 7 de agosto
de 1547. Foi canonizado em 1671. O seu corpo é venerado no dia de sua morte, na
belíssima basílica de São Paulo Maior, mas que é chamada por todos os fieis e
peregrinos de basílica de São Caetano, localizada na praça principal da cidade.
Em Carmanhola, cidade agrícola de intensa atividade
pastoral, próxima de Turim, nasceu Ana Maria Rubatto, em 14 de fevereiro de
1844, numa família simples e cristã. Desde a infância, fez voto de virgindade,
recusando, mais tarde, um casamento vantajoso. Aos dezenove anos, após algumas
tragédias familiares, como a morte de alguns irmãos pequenos e a perda dos
pais, deixou a cidade. Foi para Turim, onde residia sua irmã mais velha.
Durante cinco anos, dedicou-se às obras de caridade, fazendo
parte da equipe de auxiliares do futuro são João Bosco, no seu Oratório. Lá, a
rica e nobre senhora Scoffone, também pia e caridosa, fez dela sua filha
adotiva. Levou-a para viver em sua casa e tornou-a sua conselheira na
administração do seu patrimônio. Ao morrer, doou tudo, em testamento, para as
obras dos padres do Cotolengo de Turim. Os anos vividos ao lado da senhora
Scoffone foram de intenso empenho espiritual e caritativo.
Após o falecimento da protetora, voltou para junto de sua
irmã. No verão de 1883, costumava ir para o balneário de Loano, na Riviera da
Ligúria, onde ajudava as famílias e cuidava dos pescadores doentes em suas
casas, dando, também, assistência às crianças abandonadas. Nesse local, uniu-se
a um grupo de senhoras pias que se dedicavam às obras de caridade. Esse pequeno
núcleo iniciava-se numa vida comunitária religiosa, inspirando-se no ideal de
são Francisco de Assis, sob a direção do capuchinho padre Angélico.
Logo o padre percebeu que Ana Maria tinha uma fantástica
capacidade organizadora de obras de caridade e que sua vocação missionária era
emocionante, só voltada para a salvação das almas. Por isso o próprio padre
Angélico incentivou-a a criar um novo Instituto. Em janeiro de 1885, vestiu o
hábito religioso franciscano, junto com algumas das senhoras. Nascia a família
religiosa das Irmãs Terciárias Capuchinhas de Loano, depois chamadas Irmãs
Capuchinhas de Madre Rubatto, com a finalidade de dar assistência aos enfermos,
especialmente em domicílio, e proporcionar a educação cristã da juventude.
Ana Maria emitiu os segundos votos em 1886, tomando o nome
de Maria Francisca de Jesus. Foi eleita a primeira madre superiora do
Instituto, cargo que manteve até a morte.
A sua obra difundiu-se rapidamente na Itália e também na
América Latina. A partir de 1892, madre Maria Francisca começou a viajar para o
Uruguai, a Argentina e o Brasil. Em 1895, fundou a primeira casa do seu
Instituto fora do seu país, no Uruguai. Depois, acompanhou um grupo de
religiosas à Missão de Alto Alegre, no Maranhão, Brasil, onde, em 1901, sete
delas morreram mártires sob um dos ataques dos índios. A Argentina também
recebeu a semente da sua Obra.
Ao todo, foram vinte casas abertas nos vinte anos do seu
governo, todas organizadas e fundadas por madre Maria Francisca. Estava no
Uruguai, em Montevidéu, quando adoeceu. Foi um exemplo cristão até no
sofrimento. Morreu em 6 de agosto de 1904, nessa cidade, onde foi enterrada na
capela da primeira casa fundada em terras estrangeiras.
A congregação, desde 1964, está presente na Etiópia, África.
O papa João Paulo II proclamou-a, solenemente, a "primeira bem-aventurada
do Uruguai" em 1993. A celebração da bem-aventurada Maria Francisca
Rubatto deve acontecer no dia de sua morte.
Osvaldo nasceu em 604. Era filho do rei pagão Etelfrit, da
Nortúmbria, futura Inglaterra, e da princesa Acha. O reino foi invadido em 616,
quando seu pai morreu na batalha contra o rei Edin, que assumiu o trono e
depois fundou a cidade de Edimburgo.
Acha e seus onze filhos fugiram para a Corte do rei da
Escócia, onde todos se converteram. As crianças foram entregues aos cuidados
dos beneditinos do Mosteiro de Iona, fundado em 563 por são Columbano, famoso
centro de formação e estudos. Lá receberam sólida formação acadêmica e
religiosa, adequada aos fidalgos e no seguimento de Cristo.
Osvaldo destacava-se pelo belo porte físico, pela
inteligência e pela caridade cristã. Tinha um sorriso franco, era bom e
generoso, não distinguindo ricos e pobres. Era um hábil e capacitado
estrategista militar, treinado pelo pequeno, mas potente exército do rei da
Escócia, que muito o apreciava. Curioso mesmo era o seu animal de estimação: um
falcão que lhe obedecia e pousava-lhe na mão.
Quando o rei Edin morreu, em 633, Osvaldo formou seu
exército, pequeno e eficaz, e venceu a famosa batalha de Havenfield, em 634,
com o usurpador tombando morto. Osvaldo assumiu o trono como legítimo rei da
Nortúmbria. Contam os registros históricos que antes desse combate ele teve uma
visão de são Columbano, que o orientou a rezar junto com seus soldados antes de
partir para o combate. Ele obedeceu. Mandou erguer uma grande cruz no centro do
campo onde estavam, ajoelhou-se diante dela, pedindo aos soldados, quase todos
pagãos, que fizessem o mesmo. Assim postado, com fé e humildade, o futuro rei
pediu a Deus proteção e liberdade para seu povo oprimido pelos inimigos.
O rei Osvaldo sempre atribuiu essa vitória à intercessão de
são Columbano e à proteção de Cristo. Depois de coroado, todo o exército
converteu-se. Mandou chamar os monges escoceses do Mosteiro de Iona para
pregarem o Evangelho no seu reino. Ele mesmo traduzia para o povo os sermões,
conseguindo muitas conversões. Construiu igrejas, mosteiros, cemitérios,
hospitais, asilos e creches, distribuiu riquezas e promoveu prosperidade e
caridade ao povo.
Casou-se com a princesa Cineburga, filha do rei pagão de
Wessex, hoje também Inglaterra. Em seguida, convenceu o sogro a permitir uma
missão evangelizadora de monges escoceses no seu reino, que acabaram
convertendo esse rei também. A Igreja deve à fé do rei Osvaldo o grande impulso
para a evangelização do povo inglês e o estabelecimento da vida monástica na ilha
britânica. O rei da Nortúmbria morreu em combate em 642, defendendo o seu povo
de invasores pagãos.
Amado e venerado como santo em vida, a fama de sua santidade
ganhou destaque junto aos povos de língua inglesa graças à divulgação dos
monges beneditinos. Depois, o venerável Beda, monge famoso pela santidade e
sabedoria na doutrina, reivindicou o título de mártir a santo Osvaldo da
Nortúmbria, por ter morrido em combate contra os pagãos. Sua festa é uma
tradição antiga, e a Igreja manteve a celebração no dia 5 de agosto.
João Maria Batista Vianney sem dúvida alguma, se tornou o
melhor exemplo das palavras profetizadas pelo apóstolo Paulo: "Deus
escolheu os insignificantes para confundir os grandes". Ele nasceu em 8 de
maio de 1786, no povoado de Dardilly, ao norte de Lyon, França. Seus pais,
Mateus e Maria, tiveram sete filhos, ele foi o quarto. Gostava de freqüentar a
igreja e desde a infância dizia que desejava ser um sacerdote.
Vianney só foi para a escola na adolescência, quando abriram
uma na sua aldeia, escola que freqüentou por dois anos apenas, porque tinha de
trabalhar no campo. Foi quando se alfabetizou e aprendeu a ler e falar francês,
pois em sua casa se falava um dialeto regional.
Para seguir a vida religiosa, teve de enfrentar muita
oposição de seu pai. Mas com a ajuda do pároco, aos vinte anos de idade ele foi
para o Seminário de Écully, onde os obstáculos existiam por causa de sua falta
de instrução.
Foram poucos os que vislumbraram a sua capacidade de
raciocínio. Para os professores e superiores, era considerado um rude camponês,
que não tinha inteligência suficiente para acompanhar os companheiros nos
estudos, especialmente de filosofia e teologia. Entretanto era um verdadeiro
exemplo de obediência, caridade, piedade e perseverança na fé em Cristo.
Em 1815, João Maria Batista Vianney foi ordenado sacerdote.
Mas com um impedimento: não poderia ser confessor. Não era considerado capaz de
guiar consciências. Porém para Deus ele era um homem extraordinário e foi por
meio desse apostolado que o dom do Espírito Santo manifestou-se sobre ele.
Transformou-se num dos mais famosos e competentes confessores que a Igreja já
teve.
Durante o seu aprendizado em Écully, o abade Malley havia
percebido que ele era um homem especial e dotado de carismas de santidade.
Assim, três anos depois, conseguiu a liberação para que pudesse exercer o
apostolado plenamente. Foi então designado vigário geral na cidade de
Ars-sur-Formans. Isso porque nenhum sacerdote aceitava aquela paróquia do norte
de Lyon, que possuía apenas duzentos e trinta habitantes, todos não-praticantes
e afamados pela violência. Por isso a igreja ficava vazia e as tabernas
lotadas.
Ele chegou em fevereiro de 1818, numa carroça, transportando
alguns pertences e o que mais precisava, seus livros. Conta a tradição que na
estrada ele se dirigiu a um menino pastor dizendo: "Tu me mostraste o
caminho de Ars: eu te mostrarei o caminho do céu". Hoje, um monumento na
entrada da cidade lembra esse encontro.
Treze anos depois, com seu exemplo e postura caridosa, mas
também severa, conseguiu mudar aquela triste realidade, invertendo a situação.
O povo não ia mais para as tabernas, em vez disso lotava a igreja. Todos agora
queriam confessar-se, para obter a reconciliação e os conselhos daquele homem
que eles consideravam um santo.
Na paróquia, fazia de tudo, inclusive os serviços da casa e
suas refeições. Sempre em oração, comia muito pouco e dormia no máximo três
horas por dia, fazendo tudo o que podia para os seus pobres. O dinheiro herdado
com a morte do pai gastou com eles.
A fama de seus dons e de sua santidade correu entre os fiéis
de todas as partes da Europa. Muitos acorriam para paróquia de Ars com um só
objetivo: ver o cura e, acima de tudo, confessar-se com ele. Mesmo que para
isto tivessem que esperar horas ou dias inteiros. Assim, o local tornou-se um
centro de peregrinações.
O Cura de Ars, como era chamado, nunca pôde parar para
descansar. Morreu serenamente, consumido pela fadiga, na noite de 4 de agosto
de 1859, aos setenta e três anos de idade. Muito antes de ser canonizado pelo
papa Pio XI, em 1925, já era venerado como santo. O seu corpo, incorrupto,
encontra-se na igreja da paróquia de Ars, que se tornou um grande santuário de
peregrinação. São João Maria Batista Vianney foi proclamado pela Igreja
Padroeiro dos Sacerdotes e o dia de sua festa, 4 de agosto, escolhido para
celebrar o Dia do Padre.