A tradição da família de La Salle, na França, é muito
antiga. No século XVII, descendente de Carlos Magno, Louis de La Salle era
conselheiro do Supremo Tribunal quando sua esposa, também de família fidalga,
deu à luz a João Batista de La Salle, em 30 de abril de 1651, na casa da rua de
L'Arbatete, que ainda existe, na cidade de Reims.
O casal não era nobre só por descendência, ambos tinham também
nobreza de espírito e seguiam os ensinamentos católicos, que repassaram aos
sete filhos. João Batista era o mais velho deles. Dos demais, uma das filhas
tornou-se religiosa, entrando para o convento de Santo Estevão, em Reims. Dois
outros filhos ocuparam cargos elevados no clero secular, mas João Batista
revelou-se o mais privilegiado em termos espirituais.
Desde pequeno a vocação se apresentava no garoto, que
gostava de improvisar um pequeno altar para brincar de realizar os atos
litúrgicos que assistia com a mãe. Paralelamente, teve no pai o primeiro
professor. Apaixonado por música clássica, sacra e profana, toda semana havia,
na casa dos de La Salle, uma "tarde musical", onde se apresentavam os
melhores e mais importantes artistas da cidade, assistidos pelas famílias mais
prestigiadas de Reims. João Batista fazia parte da apresentação, executando as
músicas de caráter religioso, o que fez com que o pai o estimulasse a ingressar
no coral dos cônegos da catedral. Entretanto, no íntimo, o desejo dos seus pais
era que ele seguisse uma carreira política.
Mas esse desejo durou pouco tempo, pois, na hora de definir
sua profissão, João Batista confessou que queria ser padre. Seu pai entendeu
que não poderia disputar o filho com Deus e ordenou que ele seguisse a voz do
Criador, para onde fosse chamado. Ainda jovem, tornou-se coroinha e, com
dezesseis anos, era nomeado cônego da catedral de Reims. Como tinha muita
cultura e apreciava os estudos, com dezoito anos recebeu o título de mestre das
Artes Livres, entrou para a Universidade de Sorbonne e passou a morar no
seminário Santo Sulpício, em Paris. Ali se tornou catequista, chegando a
ensinar um total de quatro mil crianças, preparando-as para a primeira
comunhão.
Ao sair do seminário, João Batista, com vinte e um anos,
tinha já perdido o pai e a mãe. Cuidou dos irmãos e depois pôde vestir a
batina, em 1678, quando, finalmente, se ordenou sacerdote. Fundou uma escola
para a formação de professores leigos e, mesmo em meio a todo esse trabalho,
continuou estudando teologia, até receber o título de doutor, em 1681.
Fundou, ainda, a Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs,
que em pouco tempo necessitou da implantação de muitas casas. Tão rápido
cresceu a Ordem, que já em 1700 foi possível inaugurar um seminário, onde se
lecionava pedagogia, leitura, gramática, física, matemática, catolicismo e
canto litúrgico. Ele teve a grata felicidade de ver a congregação comportando
setecentos e cinqüenta irmãos, possuindo cento e quatorze escolas e sendo
freqüentadas por trinta e um mil alunos, todos pobres.
Aqui no Brasil, os Irmãos das Escolas Cristãs se
estabeleceram em 1907, espalhando-se pelos estados do Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e Minas Gerais. Ele morreu numa Sexta-Feira Santa, no dia 7 abril de
1719, em Rouen, e foi canonizado, em 1900, pelo papa Pio X. São João Batista de
La Salle foi proclamado "padroeiro celeste, junto a Deus, de todos os
educadores", pelo papa Pio XII.
Fonte Paulinas
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