São João
Evangelista
27 de Dezembro
O nome deste
evangelista significa: "Deus é misericordioso": uma profecia que foi
se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé,
irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em
Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.
Jesus teve tal
predileção por João que este assinalava-se como "o discípulo que Jesus
amava". O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça
sobre o peito do Mestre e, foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz
ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: "Filho, eis aí a tua
mãe" e, olhando para Maria disse: "Mulher, eis aí o teu filho".
(Jo 19,26s).
Quando Jesus
se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é
sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto
que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa
"filho do trovão".
João esteve
desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter isto
acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor deste, o
benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude
dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito
tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da
primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável.
O Apocalipse e
as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá
gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra
parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é
de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele
ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios
olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua
vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus.
Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não
podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos.
Dele dependem
(na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos
escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele
trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com
ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de
Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm
as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa
da vida do apóstolo.
São João, já
como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de
Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a
Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano.
Além destas
perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranhava o movimento
religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando
corroer a essência mesma do Cristianismo.
Nesta
situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a
missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o
foi. Para aquela hora, e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e
os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por
ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.
Completada a
sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a
data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, nos princípios do
segundo, em tempo de Trajano (98-117 dC).
Três são as
obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto
Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.
São João
Evangelista, rogai por nós!
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