Seu martírio, diz o poeta Prudêncio, assinalou o declínio dos deuses de Roma. Sinal, portanto, de que a morte do jovem diácono Lourenço provocara na cidade uma grande impressão, a ponto dos pagãos - vendo tão serena coragem diante da tortura - começaram a se interrogar sobre a religião professada pelo heróico mártir.
Sua imagem, cingida de lenda(a paixão de São Lourenço, de um
século posterior à sua morte, é pouco confiável) já nos escritores próximos de
sua época, como Prudêncio, Dâmaso e Ambrósio, está ligada a sua tortura.O
mártir, posto em uma grelha colocada sobre carvões ardentes, encontra um modo
de gracejar:"Vede, deste lado já estou bem cozido; virai-me do
outro". Mas a maioria dos escritores modernos julga que Lourenço tenha
sido decapitado como o papa Sisto II - do qual era diácono e o havia precedido
por três dias no martírio.
O papa Dâmaso, por outro lado, parece convalidar a tradição
dos carvões ardentes e recorda o heróico testemunho de fé com eficaz síntese:
"Verbera, carnífices, flammas, tormenta, catenas..."-
açoites,carrascos,chamas,tormentos,cadeias,nada prevaleceu contra sua
fidelidade a Cristo.
Mas ao lado dessa imagem de sofrimento aceito, há outra, de
modo algum lendária, referente ao diácono encarregado de distribuir aos pobres
a coleta dos cristãos de Roma. Ele fora, de fato, encarregado de dirigir outros
diáconos de Roma. Pode-se, pois, julgar que, na iminência da prisão, o papa o
tenha encarregado de distribuir aos pobres o pouco que a Igreja possuía.
Quando o imperador Valeriano - lê-se na Paixão - impôs-lhe a
entrega do tesouro do qual ouvira falar, Lourenço teria reunido diante dele um
grupo de mendigos: "Eis o nosso tesouro", disse-lhe, "podeis
encontrá-lo por toda a parte". Foi sepultado na via Tiburtina, no Campus
Veranus -Verano -,e sobre seu sepulcro foi erigida a basílica que leva seu nome,
a primeira das igrejas que Roma dedicou ao seu popular mártir.
Fonte: Paulinas
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