A arqueologia não serve apenas para descobrir os dinossauros
enterrados pelo mundo. Ela também pode confirmar a existência dos santos
mártires que marcaram sua trajetória na história pela fé em Deus. Foi o que
aconteceu com santa Cristina, que teve sua tradição comprovada somente no
século XIX, com as descobertas científicas desses pesquisadores.
Segundo os mosaicos descobertos na igreja de Santo
Apolinário, em Ravena, construída no século VI, Cristina era realmente uma das
virgens cristãs mártires das antigas perseguições. E portanto, já naquele
século, venerada como santa, como se pôde observar pela descoberta de sua
sepultura, que também possibilitou o aparecimento de um cemitério subterrâneo,
que estava oculto ao lado.
A arte também compareceu para corroborar seu testemunho
através dos tempos. O martírio da jovem virgem Cristina foi representado pelas
mãos de famosos pintores, como João Della Robbias, Lucas Signorelli, Paulo
Veronese e Lucas Cranach, entre outros. Além dos textos escritos em latim e
grego que relatam seu suplício e morte, que só discordam quanto à cidade de sua
origem.
Os registros gregos mostram como sua terra natal Tiro,
enquanto os latinos citam Bolsena, na Toscana, Itália. Esses relatos do antigo
povo cristão contam que o pai de Cristina, Urbano, era pagão e um oficial do
Império Romano, que, ao saber da conversão da filha, queria obrigá-la a
renunciar ao cristianismo. Por isso decidiu trancar a filha numa torre na
companhia de doze servas pagãs. Para mostrar que não abdicava da fé em Cristo,
Cristina despedaçou as estátuas dos deuses pagãos existentes na torre e jogou,
janela abaixo, as jóias que as adornavam, para que os pobres pudessem pegá-las.
Quando tomou conhecimento do feito, Urbano mandou chicoteá-la e prendê-la num
cárcere. Nem assim conseguiu a rendição da filha, por isso a entregou aos juízes.
Cristina foi torturada terrivelmente e depois jogada numa
cela, onde três anjos celestes limparam e curaram suas feridas. Como solução
final, o governante pagão mandou que lhe amarrassem uma pedra ao pescoço e a
jogassem num lago. Novamente, anjos intervieram: sustentaram a pedra, que ficou
boiando na superfície da água, e levaram a jovem até a margem do lago.
As torturas continuaram, mesmo depois de seu pai ser
castigado por Deus e morrer de forma terrível. Cristina ainda foi novamente
flagelada, depois amarrada a uma grade de ferro quente e colocada numa fornalha
superaquecida, mordida por cobras venenosas e teve os seios cortados, antes de,
finalmente, ser morta com duas lanças transpassando seu corpo virgem. Assim o
seu martírio foi divulgado pelo povo cristão desde 23 de julho de 287, data de
sua morte. A festa de Santa Cristina foi confirmada e mantida pela Igreja neste
dia.
Fonte: Paulinas
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