Teresa de Cepeda y Ahumada, nascida em Ávila, na Castela Velha, de nobre família, começou cedo a dar prova de temperamento vivaz, fugindo de casa aos sete anos para buscar o martírio entre os mouros da África, por amor de Cristo. Mas aos 16 anos começou a se embelezar por amor de um simples mortal. E o pai, por um compreensível ciúme, para protegê-la, confiou-a a um convento de freiras.
Aos 20 anos, contrariando os programas paternos, decidiu ser
freira. Houve poucos anos de vida regular, pois ela também cedeu a certa moda.
As vozes interiores não lhe deram tréguas e ela sentiu um desejo sempre mais
insistente de retornar ao primitivo rigor dos carmelitas, sendo objeto de
extraordinárias experiências místicas, traduzidas depois, por obediência, em
vários tratados de oração mental, citados entre os clássicos da literatura
espanhola.
Aos 40 anos ocorre a primeira grande virada na vida desta
imprevisível santa de idéias generosas. Depois das aflições interiores, dos
escrúpulos e daquilo que na mística é chamado de “noite dos sentidos” — quer
dizer, trevas interiores, a prova mais dura de uma alma superar —, dá-se o
encontro iluminador com dois santos, Francisco de Borja e Pedro de Alcântara.
Estes a repõem no bom caminho, na via da total confiança em Deus.
Em 1562, ela funda em Ávila o convento reformado sob o
patrocínio de são José. Cinco anos depois, um outro decisivo encontro: João da
Cruz, o príncipe da teologia mística. Os dois foram feitos para se entenderem.
Inicia assim aquele singular conúbio, em meio a ardentíssimos arrebatamentos
místicos e ocupações práticas do dia-a-dia, que dela fazem a santa do bom
senso, uma contemplativa imersa na realidade.
Ela possui a chave para entrar no Castelo interior da alma,
“cuja porta de ingresso é a oração”, mas ao mesmo tempo sabe tratar
egregiamente de matérias econômicas. “Teresa”, diz ela argutamente, “sem a
graça de Deus é uma pobre mulher; com a graça de Deus, uma força; com a graça de
Deus e muito dinheiro, uma potência”. Viaja pela Espanha de alto a baixo (era
chamada a “freira viajante”) para erigir novos conventos reformados e revela-se
uma hábil organizadora.
Escreve a história da própria vida, um livro de confissões
extraordinariamente sinceras: “Como me mandaram escrever o meu modo de fazer
oração e as graças que o Senhor me fez, eu queria que me tivessem concedido o
poder de contar minuciosamente e com clareza os meus grandes pecados”. Morre
pronunciando as palavras: “Sou filha da Igreja”. Em 1970, Paulo VI proclamou-a
doutora da Igreja.
Fonte: Paulinas
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