Bastou o episódio do manto dividido em dois para abrigar contra o frio um mendigo encontrado à noite, quando estava de ronda, para torná-lo popular no decurso dos séculos. A vida de Martinho é constelada de gestos generosos.
Nascido na província romana da Panônia, o pai, militar, o
encaminhou à mesma carreira em Pavia, para onde fora destinado. Martinho foi
logo promovido ao grau de circitor, isto é, de ronda noturna, e foi durante
este serviço que dividiu seu manto com o pobre friorento.
Recebeu o batismo na Páscoa de 339 e continuou a vida
militar até os 40 anos. Depois da dispensa foi para Poitiers encontrar-se com o
bispo Hilário, que o acolheu em sua diocese, ordenando-o exorcista e
hospedando-o em uma vila um pouco distante, onde Martinho levou vida monacal,
logo rodeado de discípulos.
Surgiu assim o primeiro mosteiro da Europa, em Ligugé.
Realizava-se assim sua grande aspiração, expressa na juventude e contrariada
pelo pai, obstinadamente pagão. Mas em Ligugé permaneceu apenas dez anos.
O bispo de Tours havia morrido, e os fiéis logo pensaram em
Martinho. Não foi fácil convencê-lo; para vencer sua resistência, tiveram de
recorrer a um estratagema: um certo Rusticus convidou-o a sua casa, para
visitar a mulher enferma e tocá-la com as mãos. Martinho não pôde subtrair-se a
um ato de caridade e foi. Mas no caminho um grupo de cristãos raptou-o e
levou-o a Tours, onde a população o aclamou bispo. Isso também aconteceu a
Ambrósio em Milão e a Agostinho em Hipona.
Martinho foi consagrado bispo em 4 de julho de 371. E foi um
pastor zeloso e ativo, sobretudo um grande missionário, porque não se limitou a
guiar seu rebanho e a servir de árbitro entre os cidadãos e as autoridades
romanas. Percorreu os campos e as vilas e preparou seus sacerdotes para a
missão, fundando em Mormutier o primeiro centro de formação missionária da
Gália.
Ao findar o outono de 397, estava em visita pastoral em uma
paróquia rural quando sentiu avizinhar-se a última hora. Estendeu-se sobre uma
rude mesa recoberta de cinzas e em oração esperou a morte, que chegou em 8 de novembro.
No dia 11 de fevereiro realizaram-se as exéquias em Tours, onde foi colocado em
uma simples tumba. Contra esta se enfureceram os huguenotes que, em 25 de maio
de 1562, queimaram os restos mortais do grande bispo.
Fonte: Paulinas
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