O povo africano talvez tenha sido o último a receber a
evangelização cristã, mas já possui seus mártires homenageados na história da
Igreja Católica. O continente só foi aberto aos europeus depois da metade do
século XIX. Antes disso, as relações entre as culturas davam-se de forma
violenta, principalmente por meio do comércio de escravos. Portanto, não é de
estranhar que os primeiros missionários encontrassem, ali, enorme oposição, que
lhes custava, muitas vezes, as próprias vidas.
A pregação começou por Uganda, em 1879, onde conseguiu
chegar a "Padres Brancos", congregação fundada pelo cardeal
Lavigérie. Posteriormente, somaram-se a eles os padres combonianos. A maior dificuldade
era mostrar a diferença entre missionários e colonizadores. Aos poucos, com
paciência, muitos nativos africanos foram catequizados, até mesmo pajens da
corte do rei. Isso lhes causou a morte, quase sete anos depois de iniciados os
trabalhos missionários, quando um novo rei assumiu o trono em 1886.
O rei Muanga decidiu acabar com a presença cristã em Uganda.
Um pajem de dezessete anos chamado Dionísio foi apanhado pelo rei ensinando
religião. De próprio punho Muanga atravessou seu peito com uma lança, deixou-o
agonizando por toda uma noite e só permitiu sua decapitação na manhã seguinte.
Usou o exemplo para avisar que mandaria matar todos os que rezavam, isto é, os
cristãos.
Compreendendo a gravidade da situação, o chefe dos pajens,
Carlos Lwanga, reuniu todos eles e fez com que rezassem juntos, batizou os que
ainda não haviam recebido o batismo e prepararam-se para um final trágico.
Nenhum desses jovens, cuja idade não passava de vinte anos, alguns com até
treze anos de idade, arredou pé de suas convicções e foram todos encarcerados
na prisão em Namugongo, a setenta quilômetros da capital, Kampala. No dia
seguinte, os vinte e dois foram condenados à morte e cruelmente executados.
Era o dia 3 de junho de 1886, e para tentar não fazer tantos
mártires, que poderiam atrair mais conversões, o rei mandou que Carlos Lwanga
morresse primeiro, queimado vivo, dando a chance de que os demais evitassem a
morte renegando sua fé. De nada adiantou e os demais cristãos também foram
mortos, sob torturas brutais, com alguns sendo queimados vivos.
Os vinte e dois mártires de Uganda foram beatificados em
1920. Carlos Lwanga foi declarado "Padroeiro da Juventude Africana"
em 1934. Trinta anos depois, o papa Paulo VI canonizou esse grupo de mártires.
O mesmo pontífice, em 1969, consagrou o altar do grandioso santuário construído
no local onde fora a prisão em Namugongo, na qual os vinte e um pagens,
dirigidos por Carlos Lwanga, rezavam aguardando a hora de testemunhar a fé em
Cristo.
Fonte Paulinas
Nenhum comentário:
Postar um comentário