Filho de barão alemão e de mãe italiana dos Abruzos, João resumia em si a tenacidade da gente germânica e a desenvoltura dos mediterrâneos. Foi infatigável organizador de obras de caridade, mensageiro de paz, mas também animador das tropas cristãs que combatiam às portas de Belgrado contra os invasores turcos.
“Seja avançando, seja retrocedendo, seja golpeando ou sendo
golpeados”, gritava, com sua voz estentórica e sua longa cabeleira loira, que
“fazia uma bela dança”, “invocai o nome de Jesus. Só nele há salvação!”
Em razão de sua origem e de seu aspecto nórdico, chamavam-no
Giantudesco. * Doutorou-se in utroque iure em Perúgia e foi logo nomeado juiz e
governador da capital da Úmbria. Havia-se casado, mas com a conquista de
Perúgia pelos Malatesta, perdeu a mulher, o alto cargo e a própria liberdade.
De fato, foi parar na prisão, onde teve todo o tempo para
meditar sobre a vaidade e a fugacidade das honras mundanas. Saiu transformado
interiormente, mas não enfraquecido nas forças nem no desejo de trabalhar pelo
bem da Igreja.
Visto seu casamento ter sido declarado nulo, foi acolhido no
convento franciscano dos observantes — frades que haviam acolhido a reforma
propugnada por são Bernardino de Sena, do qual João se tornaria amigo e fiel
discípulo.
Passou o resto da vida como legado papal em vários Estados,
da Palestina à Silésia e à Boêmia, onde entrou em choque com o movimento
hussita. Os papas, que o tiveram como conselheiro, confiaram-lhe repetidas
missões diplomáticas em toda a Europa. Sua ordem o enviou à Terra Santa e aos
Países Baixos, como visitador.
O imperador Fernando III chamou-o à Áustria para organizar a
cruzada contra os turcos e o enviou à Hungria e aos Bálcãs. Surpreende a
rapidez com que comparecia aos pontos mais remotos do velho continente,
levando-se em conta que o único meio de locomoção era o lombo de mula.
Principal inspirador da heróica resistência dos húngaros
contra a ameaça turca, morreu no cumprimento de sua tarefa, em Ilok. Foi
canonizado em 1724.
Fonte: Paulinas
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