Típico exemplo da nobreza espanhola, gentil e refinado,
generoso e empreendedor, Francisco de Borja, bisneto do papa Alexandre VI e de
Fernando II de Aragão, resume em seus 62 anos de vida o contraditório mundo
quinhentista — luzes e sombras de onde emergem figuras de grandes santos, numa
época de violentas contestações também no campo religioso.
Primogênito de João de Borja, duque de Gandia (Valência),
Francisco formou-se na corte de Carlos V, que o adornou do título de marquês
aos 20 anos. No ano anterior havia-se casado: um casamento feliz, alegrado por
oito filhos em dez anos.
Da prematura morte da mulher e imperatriz, Francisco deduziu
o sentido da caducidade de tudo e decidiu dedicar-se ao serviço de um Senhor
“que nunca pudesse morrer”. Exerceu por quatro anos o cargo de governador da
Catalunha, embora secretamente votado à vida religiosa. A alta posição que
ocupava permitiu-lhe nesse tempo estabelecer os filhos.
O encontro com o jesuíta Pedro Fabro foi determinante. Em
1546 fechou definitivamente a porta às honras mundanas e, demitindo-se dos
altos cargos, depois de haver feito os exercícios espirituais, emitiu voto de
castidade, empenhando-se com outro voto a ingressar na Companhia de Jesus. E o
fez, de modo efetivo, em 1548 e, oficialmente, dois anos depois.
Nesse meio-tempo renunciara ao ducado de Gandia. Em Roma foi
acolhido pelo próprio santo Inácio de Loyola, e a 26 de maio de 1551 celebrou a
primeira missa.
As honrarias — que o haviam perseguido desde a juventude na
corte da Espanha — continuaram a persegui-lo também na vida religiosa, a tal
ponto que Francisco se apressou em emitir todos os votos da Companhia de Jesus,
dos quais um veta a aceitação de dignidades eclesiásticas.
Apenas soube que o imperador Carlos V propusera seu nome ao
papa para a púrpura cardinalícia. Mas não pôde subtrair-se, em 1555, à eleição
ao mais alto cargo no seio da companhia, cujo capítulo o elegeu geral.
Francisco exerceu esse cargo até a morte, que o colheu em Ferrara. Foi
canonizado em 1671.
Fonte: Paulinas
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